Quase pronto o livro sobre os 30 anos do Circo Voador
Maria Juçá com Jards Macalé
O Circo em 1983
O Circo hoje
Legião Urbana no noitaça de 9 de outubro de 1985
Texto
restaurado e reeditado
Maria Juçá me ligou. Para quem não sabe, ela é a dona,
mentora, mãe, irmã, amiga de várias gerações de rockers dos anos 80, 90, 00.
Sem Maria Juçá não teria rolado a célebre parceria Circo Voador-Rádio Fluminense
FM em 1982, 83, 84, 85, batizada por Perfeito Fortuna de Rock Voador.
Juçá é minha irmã e, para não variar, rimos pra cacete
no telefone. Ela está finalizando o livraço que conta a história dessa nave de
ousadia que está pousada na Lapa. Políticos com p minúsculo bem que tentaram
deportá-lo, mas o Circo mora lá até hoje e, tenho certeza, ganhou a eternidade
graças ao apoio popular. Estamos vendo, hoje, que sem o apoio popular nada vai
pra frente.
Não esquecerei das zilhões de noites que passei ali,
assistindo a tudo o que é novo, tradicional, alternativo. Longos papos com o “pré-colombiano”
amigo Jamari França do lado de fora enquanto a Legião Urbana se preparava para
tocar na antológica noite de 9 de outubro de 1985. A banda entrou no palco,
plateia ensandecida, e Renato Russo foi ao microfone e gritou: “Hoje é dia de
celebração. Vamos celebrar a morte de um carrasco chamado Emílio Garrastazu
Médici, general-presidente que ajudou a jogar o país nos porões da tortura,
morte, covardia”.
Queria muito que um grande amigo meu, também jornalista
Cezar Motta (foi sub-editor na histórica Radio JB AM entre 1975 e 1980)
assistisse a esse show, impregnado de política saudável, porque foi ele (Cezar)
um dos que acenderam o meu pavio para a necessidade de uma democracia, etc,
etc, etc. Mas o Cezar já tinha se mudado para Brasília.
O Circo Voador é um patrimônio da anarquia inteligente.
Anarquia que vai de Caetano Veloso, Jorge Mautner, Macalé, Egberto Gismonti as
novas bandas que tenho assistido como a extraordinária Kapitu e Sanatore, ambas
que arrancam o couro. Aliás, Juçá, quando o Sanatore e a Kapitu vão tocar aí?
Mais: o Circo de Maria Juçá oxigena o Rio e o Brasil de inteligência, cultura,
ousadia, enfim, tudo o que todos nós merecemos. Isso, há 30 anos!!!!
Por isso, se você mora no Rio vá ao Circo. Garanto que
vai sair de lá pensando (e sentindo) a cultura do Brasil diferente. Se você não
é do Rio, mais ainda porque, além do Corcovado, do Pão de Açucar, do Jardim
Botânico e de todas as praias, existe um lugar que respira arte de qualidade. E
esse lugar se chama Circo Voador, com a grife da genial (literalmente falando)
Maria Juçá.
Um lugar que está virando um grande livro.
Veja a Legião:
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