A resposta do amigo L.G. Bayão a carta aberta que está ali embaixo, depois da Bienal do Livro


Pois é, Luiz Antônio,

Se tivesse conhecido o Alex, ele teria muito pouco a inventar no meu caso. Como apelidar um cara que já vem de fábrica com um "Bayão" atrelado ao nome? E eu sempre fui Bayão, era como meus amigos de colégio já me chamavam, assim como sempre gostei de cinema. Vizinho do finado Cinema Um, aprendi a amar os filmes, entrava na primeira sessão, saía na última. E a verdade é que quem consegue se manter no rumo das paixões de menino tem um trunfo na vida adulta. Negar aquilo que nos move desde sempre é jogar esse trunfo fora.

Você nunca deve se afastar da música assim como eu nunca devo me afastar do cinema - anos atrás também precisei me afastar e, como você, enfrentei Mavericks do tamanho de arranha-céus. Não me afoguei. Tomei pancada atrás de pancada e vi o fundo. Subi, puxei o ar e continuei nadando.
Foi nessa época em que, depois de escrever quatro longas na seqüência, apostei tudo que podia num livro que havia lido ainda jovem, nos tempos do Cinema Um. O seu livro. Pela primeira vez na vida comprava os direitos de um livro. Mas será que aquilo ia dar certo? Era um tiro no escuro - o roteiro ficaria bom? Alguém se interessaria em comprá-lo? Quem faria dele um filme?

E aconteceu o que aconteceu. Nossa queridíssima Renata Magalhães lhe procurou querendo comprar os direitos do livro - que já eram meus. Conversamos, unimos as forças e eu escrevi o roteiro. O filme vai ser feito. O ciclo se completa. Essa a gente surfou juntos, hein?

Você se afastar da música é como eu me afastar do cinema. Estaremos nos afastando de nós mesmos. É preciso enfrentar Mavericks pra não perder de vista o horizonte. Mesmo que a gente beba água uma vez ou outra.

Abs,


Bayão

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