Laurentino Gomes: o homem que entrou de sunga no falido palacete dos acadêmicos
Terminei de ler “1889”, última e sensacional obra do jornalista Laurentino Gomes, que escreveu (e também li) “1808” e “1822”, ambos magistrais. Laurentino é um escritor best seller que está prestes a atingir a marca de dois milhões e quinhentos mil livros vendidos. Ele não fala difícil, não dá asas ao provincianismo e o rococó e nem usa fantasias inventadas pela cronicamente decadente aristocracia que baixou no Brasil quando a corte portuguesa fugiu de Napoleão (milhares de pessoas) e veio se esconder no Rio.
Laurentino Gomes é jornalista e seu livro também
campeão de vendas chamado “1808” trata dessa vexatória fuga da corte. Sob o
título do livro, a frase: “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do
Brasil”. Como resistir? Como não comprar e devorar este livro?
Laurentino pertence a nova geração de historiadores,
escritores e educadores que chutou o corporativismo do academicismo e da
empáfia para o lixo. Ele usa linguagem informal, não constrói frases rebuscadas
inventadas por trás da balaustrada que escondia os intelectualóides.
Objetivo, dono de um texto jornalístico baseado em
farta pesquisa realizada em diversos países, ele escreveu, também, sobre o nascimento do Brasil independente.
Outro livraço. Subtítulo: “Como um homem sábio, uma princesa triste e um
escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que
tinha tudo para dar errado”.
O homem que entrou de sunga na igrejinha dos insolentes
e presunçosos, curte, merecidamente, o primeiro lugar em vendas de “1889”.
Subtexto na capa: “Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um
professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da
República no Brasil”. A contundente transição do Brasil Império para a
República, na verdade um violento golpe de estado que envolveu vários nomes
honrados, mas também arrivistas, carreiristas e moleques em geral.
No lançamento, ano passado, o livro foi anunciado em
horário nobre nas redes de TV, o que, sinceramente, nunca vi acontecer. Até a
chegada dos libertadores como Laurentino, livros de História eram produzidos
sob o manto do terror reverencial. A nova geração de historiadores abriu o baú,
tacou naftalina dentro e libertou a nossa História refém dos acadêmicos que
agora está aberta a visitação pública. Sem rococós, adornos, leques, o que é ótimo
para todo mundo. Menos para eles, os altivos que ainda se deslocam pelas
sombras ardendo em leve desespero.
A qualidade do texto e da pesquisa de Laurentino Gomes
convida à leitura. Ele não teve receio de falar das intimidades de D. João VI e
muito menos de D. Pedro I, ou da personalidade golpista e arrivista de Carlota
Joaquina, porque pesquisou fundo antes de sentar no computador para escrever.
Sim, temos um escritor que virou pop star! E isso é
muito bom para todos os brasileiros. Todos!
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