Overdose de informações

Estou estafado, estourado, exausto, mas não estou sozinho. Assisi ontem a entrevista de Zuenir Ventura e Luiz Fernando Veríssimo no programa do Roberto D´ávila, na Globonews. Os três concordaram que estamos vivendo uma overdose de informação que, segundo Zuenir, pode estar causando a sensação de déficit de atenção. Os três concordaram que por causa do imenso volume de informações acabam sem entender boa parte delas por causa da exaustão.

Sim, estou tendo déficit de atenção e, pelo que ouço, vejo e leio não estou sozinho. Ontem, sábado, o que fiz? Fui ao 4º. Salão da Leitura no Caminho Niemeyer, mas antes tive que reconfigurar um aplicativo de meu celular. Um aplicativo novo. Agora percebo que somente na semana que passou pelo menos oito novos aplicativos foram lançados e, para não me desatualizar, estudei cada um deles depois que instalei. Resultado: cansaço, bagaço, estafa. Ah, sim, minha câmera digital informa que tenho que atualizar o software de exportação de fotos.

Não tenho saco para pescaria, mas quando retornei do Salão da Leitura, onde folheei dezenas de livros maravilhosos e acabei passando por mais uma tempestade de informações (essa sim, das boas), vim de carro pela via Litorânea de Niterói. Essa via, que liga o Gragoatá à Boa Viagem, fica a apenas oito quilômetros do Rio. Aquele skyline enlouquece os visitantes que não param de fotografar o Pão de Açúcar, Corcovado, Pedra da Gávea, que aparecem num plano só; coisa de cinema.

Mas eu falava de pescaria. Pois é, ali na Litorânea as pessoas pescam dia e noite. Pesca de caniço, isca, anzol. Eles param seus carros de frente (em geral esses carros tem adesivo com os dizeres do tipo “Estressou? Vá pescar”) e ficam horas e mais horas pescando. Eu adoraria ter saco para comprar um caniço, os anzóis, isca, pegar aquela tralha e ficar me cortando todo com faca mal amolada tentando pescar. Ia acabar tendo um ataque de ansiedade porque, definitivamente, os trabalhos manuais estão longe de meu menu de funcionamento.

Um amigo meu garante que a maioria dos pescadores de caniço usa a atividade como desculpa para sair de casa e ficar algumas horas descansando, contemplando o mar. Botam a isca no anzol, arremessam e ficam olhando para o horizonte, repousando, descansando sem ter que dar satisfações a ninguém porque, afinal de contas, não são loucos olhando para o nada e sim pescadores.

E vocês, leitores? Também estão sentindo essa overdose de informações? Em tudo, até em chave de hotel que agora é biométrica. O hóspede bota o polegar e a porta destrava, depois de ler as suas impressões digitais em menos de um segundo. Aí você começa a se habituar e inventam outro sistema. Música. Uso o programa Soul Seek para baixar, mas na hora de ouvir não tolero aquelas mini-carrapetas que as pessoas enterram nos ouvidos. 

Estou para comprar um headphone confortável e ridículo igual aos de jogadores de futebol metrossexuais mas...estou cansado. Quando sobra tempo eu tento me distrair.

Hoje é domingo. Pelo menos é o que dizem. E hoje, domingo, prometo a mim mesmo que não vou tentar aprender muita coisa, só o fundamental. Descansar a cabeça, como a garoupa suada do grande Erasmo. Vamos ver se vai dar certo.


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