Arraiais, fogueiras, lembranças
Tempos atrás almocei com o amigo Eduardo Lamas da “Mais
e Melhores Produções Artísticas” (www.maisemelhores.com.br)
no sempre agradabilíssimo bistrô do “Arlequim”, no Paço Imperial, centro do
Rio. Muitos papos, ótimos planos, conversa regada a muitos CDs e DVDs raros que
frequentam o magistral acervo da loja.
Na volta, a caminho do catamarã para Niterói, vi na
Praça 15 (não uso algarismos romanos) um cartaz anunciando uma festa junina.
Típica e tradicional. O desenho trazia uma fogueira, gente fantasiada e até os
incorretos (e hoje inviáveis) balões. Embarquei e a meu lado sentou um sujeito
que era a cara do Danny Devito: baixo, gordo, careca, que não largava o
celular.
Fez várias ligações porque a linha caia. Ele orientava uma mulher do
outro lado que arrumava a sua mala. Foi gozado. Ele dizia “não,
gravata não precisa, vou descansar...bota as duas escovas de dentes, muitas
meias e cuecas de algodão porque lá faz frio...não, o casaco de courvin vou
levar na mão caso esfrie no caminho. Ah, leva meu radinho” e assim o cara veio
até Niterói falando.
Voltando ao cartaz da festa junina, me bateu uma
profunda saudade. Saudade dos grandes arraiais que frequentei ao longo do tempo,
onde mergulhei em arraiais com fogueiras gigantescas, bandeirinhas,
pau-de-sebo, comidas típicas, quadrilha e namoradas. Muitas.
Senti saudade da minha infância, apesar de ter
frequentado os arraiais até 1999, eu acho. Saudade daquele cheiro de lenha
queimada, do som primitivo dos conjuntos tocando e, logicamente, dos balões,
meu fascínio desde que nasci. Saudade de um arraial gigantesco que fui certa
vez em Teresópolis, outro em Friburgo, mais outro em Araruama, vários no Rio e
em Niterói e, em Porto Alegre também. Foi no arraial da minha querida POA que
soube que São João também é padroeiro de lá, como é de Niterói.
Este ano vou correr atrás de pelo menos uma festa julina.
Meu lado lúdico cobra, quase implora. Merece. Com bombas, crianças a caráter e
tudo mais. Quem procura, acha.
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