A devastação dos eucaliptos em Nova Friburgo, RJ
sobre o corte dos centenários eucaliptos na Praça
Getúlio Vargas
A praça foi criada em há 135 anos, em 1880. Idade deste eucalipto que foi derrubado semana
passada
Getúlio Vargas resistiram bravamente a tragédia, mas sucumbiram as motoserras da prefeitura
Os mais renomados cientistas do Brasil e do mundo afirmam que o desmatamento
é o principal vilão da falta de chuvas e do aquecimento global. No auge da
Vista aérea da praça devastada. Foto de Montagna Filmes
A devastação de Friburgo repercurte em todo o país
Dor
Destino
Reproduzo a matéria que
Juliana Scarini escreveu no portal G1 Região Serrana:
Choro
e protesto marcam o corte e poda de eucaliptos em Friburgo, RJ
O corte dos eucaliptos centenários da Praça Getúlio
Vargas em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, está gerando vários protestos.
Manifestantes afirmam que o corte raso das árvores é uma ação
"assassina" e que destrói a história do município.
Quarta-feira (dia 28), o corte de mais um eucalipto
causou comoção em várias pessoas que tentaram impedir a ação. Segundo a
prefeitura, um laudo indicou dano nas árvores e o corte é por segurança. A
medida foi anunciada no início deste mês, após o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmar que a manutenção do espaço é de
responsabilidade do executivo.
Até domingo (25), foi feito o corte de 25 eucaliptos e,
quarta-feira, uma das maiores árvores da praça foi derrubada. Algumas pessoas
que acompanharam o corte chegaram a chorar e se mostraram revoltadas. É o caso
de Miguel Leal Marinho, de 28 anos. Ele participou de abraços coletivos nas
árvores que ainda não foram cortadas e afirma que apenas um dos eucaliptos
apresentava broca e precisava ser cortado.
"Ali não tem nenhuma árvore pronta para cair. Eu
defendo a poda preventiva, mas a derrubada, não", disse Miguel, com um
pedaço de tronco dos eucaliptos cortados, afirmando que a árvore não está
podre. Para o arquiteto e socioambientalista, Alessandro Rifan, de 44 anos, a
medida adotada pelo município deveria ter sido feita envolvendo a sociedade civil
para discutir e definir um conjunto de decisões. "O que estamos vendo não
é adequado, é mutilatório. Cadê o tal laudo?
É um assunto que fere a afetividade do friburguense. Vi senhoras
chorando, nervosas com esse ato insano e ditatorial", afirmou.
A jornalista Janusa Dias, de 34 anos, acompanhou o corte
do grande eucalipto nesta quarta-feira e se emocionou ao presenciar a cena.
"São muitos anos que aquelas árvores estão ali. Eu vou na praça todos os
dias e ver isso me magoa muito. Dói muito ver as árvores sendo cortadas",
afimou Janusa.
O movimento contra o corte dos eucaliptos ganhou força
nas redes sociais através da página "Nova Friburgo – cidade das árvores
assassinadas" que já tem mais de 2.200 curtidas. Até o domingo (1º),
vários abraços coletivos estão marcados para acontecer a parti das 18h, na
Praça Getúlio Vargas.
Prefeitura
explica ação na praça
Quarta-feira (28), o prefeito Rogério Cabral realizou uma
coletiva de imprensa para falar sobre o assunto e explicou que a prioridade é a
segurança das pessoas que passam pelo local. Ele apresentou laudos de todas as
árvores cortadas e voltou a afirmar que a medida está baseada em um estudo da
Universidade Estácio de Sá, que aponta a necessidade de corte raso de 40
eucaliptos e a poda de outros 44.
Segundo o secretário de Defesa Civil, João Paulo Mori, a
Praça Getúlio Vargas possui 160 eucaliptos e, se o município seguisse o estudo
apresentado pelo Iphan, seriam cortados 102 eucaliptos. "Optamos pelo
estudo da Estácio e também realizamos radiografia e perfuração dos eucaliptos.
A árvore maior, que foi cortada hoje, apresentava podridão", disse Mori.
"Eu entendo a revolta das pessoas, a praça realmente
está ficando feia, mas essa ação é necessária", disse o prefeito,
apresentando a Proposta de Requalificação Urbano Paisagístico da praça,
elaborada pelo Iphan. Segundo o município, o documento foi entregue em outubro
de 2013. O valor do projeto é de R$ 8 milhões. A prefeitura afirmou que não
possui recursos para iniciar o projeto que vai tentar apoio dos governos
estadual e federal.
Ainda de acordo com Cabral, a decisão foi tomada após uma
série de acidentes no local que, segundo ele, colocaram em risco a vida das
pessoas. "Nós também realizamos uma
audiência pública no Teatro Municipal em outubro de 2013. Esse é um assunto que
foi muito discutido e já era para ter sido resolvido há anos", falou
Cabral.
Durante a coletiva, João Paulo Mori também explicou a
mudança de data dos cortes. Até então, a medida aconteceu nos finais de semana
e seria concluída domingo (1º). "Nós trocamos a data e voltamos com o
trabalho nesta quarta atendendo um pedido dos feirantes. Eles disseram que
estavam tendo prejuízos. Como também não houve necessidade interromper o
trânsito, achamos que poderia concluir o trabalho durante a semana",
disse.
Apesar disso, os manifestantes afirmam que a decisão de
adiantar a conclusão do trabalho foi para enfraquecer o movimento. "Em
função da má visibilidade quanto às mutilações e o movimento crescente de
sensibilização na sociedade, resolveram hoje pela manhã iniciar a destruição
completa da praça. Foi estratégico", reclamou o arquiteto e
socioambientalista Rifan.
Destino
da madeira
A prefeitura afirmou que a madeira dos eucaliptos está
sendo destinada para o Horto Municipal e sendo guardada na Madeireira Melodia.
"A madeira dessas árvores vai servir para construir novos bancos para a
praça. Essa ação faz parte do projeto histórico. As pessoas que visitarem o
espaço estarão sentadas em bancos que resgatam um pouco da história do
local", disse Edson Lisboa, secretário do Escritório de Gerenciamento de
Projetos.
De acordo com Edson, uma parte da madeira também foi
entregue ao artista plástico Felga de Moraes, que irá fazer um trabalho
artístico, e a outra parte poderá ser doada para instituições de caridade que
solicitarem à prefeitura.
O projeto elaborado pelo Iphan e que será seguido pela
prefeitura irá dividir a praça em três partes. O local terá um setor histórico,
um intermediário e um de eventos. Serão plantadas flores e resgatada a história
do local, que sofreu modificações ao longo do tempo.
Novas
podas podem acontecer
Quarta-feira (28), o município também informou que após o
corte raso dos 40 eucaliptos, novas árvores podem ser cortadas ou podadas. O
motivo é o fato das árvores "se protegerem" e buscarem sempre a
posição do sol. Com a derrubada de algumas, as que ficaram isoladas podem
apresentar tendência de queda. Caso isso aconteça, um novo estudo será feito no
local.
Sobre
a praça
A Praça Getúlio Vargas foi construída em 1880 pelo
engenheiro e paisagista francês Auguste François Marrie Glaziou, também
responsável pelo projeto paisagístico do Nova Friburgo Country Clube, e tombada
pelo Iphan na década de 1980.
Segundo o órgão, a espécie de eucalipto existente no
local tem como característica a desrama natural. Ou seja, os galhos se
desprendem naturalmente, sem que haja qualquer tipo de fator que provoque a
queda.
Devido à idade dos eucaliptos, a queda de galhos ou de
toda a árvore, como já aconteceu em julho de 2012, é um acontecimento normal e
as podas erradas ao longo dos anos contribuem para esses incidentes.
Petição
de habitantes de Nova Friburgo, cidade das árvores assassinadas
Para: Exmo. Sr. Prefeito de Nova Friburgo
Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito Nova Friburgo
Os abaixo-assinados, brasileiros, residentes,
domiciliados em Nova Friburgo e visitantes inconformados com a agressão feita a
nossa Praça GETÚLIO VARGAS E SEUS EUCAPLITOS vêm expressar sua indignação com a
ação destrutiva praticada contra a História desta municipalidade, e,
reivindicar:
1.Divulgar os resultados do estudo feito pela Instituição
Contratada, bem como esclarecer a forma de contratação;
2.Manter a população informada de todo o andamento do
processo de recuperação da mencionada Praça, através das diferentes mídias e
redes sociais;
3.Apresentar em AUDIÊNCIA PÚBLICA o projeto de recuperação
da praça em tela e sua arborização com os respectivos prazos de execução,
valores, fontes de recursos e forma de contratação da empresa a executar os
serviços;
4.Constituir na citada AUDIÊNCIA, COMISSÃO de cidadãos
para acompanhar os serviços.
Aguardando um posicionamento transparente por parte de
seu governo, especialmente em referência a questão exposta apresentamos o
presente documento e assinadas pelos signatários:
ASSINAR Abaixo-Assinado
Para
assinar, clique aqui: https://www.facebook.com/pages/Nova-Friburgo-cidade-das-%C3%A1rvores-assassinadas/1522879124641056?fref=nf
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