Festa de aniversário com um milhão e meio de convidados e os Rolling Stones tocando ao vivo
Luiz Tiribás, eu e Jamari França. Três amigos no backstage dos Rolling Stones, em 18 de fevereiro de 2006. Copacabana, Rio de Janeiro.
Happy
(Jagger/ Richards)
Well I never kept a dollar past sunset,
Always burned a hole in my pants
Never made a school mama happy,
Never blew a second chance, oh no
I need a love to keep me happy,
I need a love to keep me happy
Baby, baby keep me happy
Baby, baby keep me happy
Always took candy from strangers,
Didn’t wanna get me no trade
Never want to be like papa,
Working for the boss every night and day
I need a love to keep me happy
I need a love, baby won’t ya keep me happy
Baby, won’t ya keep me happy
Baby, please keep me
I need a love to keep me happy
I need a love to keep me happy
Baby, baby, keep me happy
Baby, baby, keep me happy
Never got a flash out of cocktails,
When I got some flesh off the bone
Never got a lift out of Lear jets,
When I can fly way back home
I need a love to keep me happy,
I need a love to keep me happy
Baby, baby, keep me happy
Baby, baby, keep me happy, baby
Happy, baby won’t you keep me, happy
Baby won’t you keep me, happy
Baby won’t you keep me, happy
Baby won’t you keep me, happy
Baby won’t you keep me, happy
Now keep on dancing, keep me happy
Now baby won’t you scream it, happy
Baby got the feeling I’m, happy
Na
na na na now keep me, happy
My, my, my, keep me, happy
Keep on dancing, keep me happy
Dia de aniversário para mim sempre foi uma data
essencialmente solitária, mas jamais triste. Jamais. Desde criança agradeço a
Deus por habitar este planeta, mas sem aquela euforia que vejo incorporar em outros
aniversariantes. O fato de ter nascido em fevereiro, alto verão, mês de férias
escolares e carnaval, fez com que as comemorações se restringissem a
família já que os colegas de escola estavam sempre de férias, e os amigos, em
geral, viajando.
Não só me acostumei com a solitária data como, com o
passar do tempo, quando descobri a individuação - benção maior da maturidade -
passei a gostar de 18 de fevereiro do jeito que é possível e não da maneira como os outros
julgam ideal.
Jornalista, sem dia e hora para nada, passei muitos aniversários
longe da família, mas nem por isso deixei de curtir os telefonemas, os sinceros
desejos de saúde e felicidade e muito bolo Plus Vita com vela de botequim nas
estradas da vida;comemoração de colegas no meio de coberturas jornalísticas.
Um aniversário que me marcou muito foi o de 2006.
Trabalhei como jornalista na equipe que fundou a Rádio Bandnews FM, em 2005. No
dia do meu aniversário, um sábado, estava de plantão e desde de manhã cedo
fiquei em frente ao Copacabana Palace. Na areia, a noite, aconteceria o maior
show de rock da história do Brasil, quando os Rolling Stones tocaram para mais
de um milhão de pessoas.
Entrei ao vivo dezenas de vezes, em rede nacional,
falando do repertório, expectativa do público, aparições da banda na janela do
Copa, enfim, uma geral. Até que, por volta de meio dia, o âncora da rede
descobriu que era o meu aniversário, desejou parabéns no ar, eu brinquei que “ia
comemorar com uma festinha íntima com mais de um milhão de convidados, ao som
dos Stones ao vivo”, gargalhada no ar e tudo bem.
Só que muitos ouvintes da rádio estavam na área e
começaram a me procurar. Não tinha como não me encontrar já que estava literalmente embaixo do
giga-palco dos Stones na areia, com os amigos Luiz Tiribás (o Lula) e Jamari França. Ouvintes chegavam, falavam comigo, lembravam de outros
trabalhos meus (Rádio JB-AM, Rádio Fluminense FM, Jornal do Brasil, Rede Manchete
de TV Pasquim, etc) e aquilo começou a me emocionar. Por que? Porque só a sinceridade
leva um indivíduo a procurar um desconhecido (no caso eu) para desejar
parabéns.
O que mais?
Além dos desconhecidos, colegas, músicos que passavam por
lá, amigos me ligavam o tempo todo, tudo isso associado ao alegre tumulto em
Copacabana que só aumentava, a medida em que a noite se aproximava. Bote na
receita 39 graus de temperatura e vieram emoções que eu não conhecia,
capitaneadas pela gratidão. Lá pelas 7 da noite fui até a beira do mar (já
estava difícil transitar pela multidão) e fiz uma oração. Agradeci por tudo e,
sobretudo, por todos que falavam comigo quando poderiam ter ficado quietos.
Voltei para o nosso bunker embaixo do palco e as oito
horas chequei as baterias dos celulares, subi alguns degraus de uma torre de
som e vi que o povão, compacto, já devia estar chegando ao Leme. Nunca tinha
visto tanta gente num show. Nunca. Nem eu, nem Luiz Oscar Niemeyer (dono da
Planmusic, que trouxe os Stones), nem todos os jornalistas que ali estavam e muito
menos os Rolling Stones. As nove e pouco, a banda detonou tudo, abrindo com a
magistral “Jumpin’ Jack Flash”. A multidão explodiu.
O show foi rolando e muitas cenas de minha vida desfilaram
em minha cabeça. Afinal, além de meu aniversário, os Stones embalaram a minha
adolescência e suas namoradas, amigos, alegria, caos, enfim, a cada canção uma
lembrança. A todo instante eu conseguia falar ao vivo na rádio pelo celular,
via São Paulo (não sei como por causa do volume do som) e voltava aos
pensamentos. Mas quando Keith Richards mandou o riff de “Happy”, não aguentei.
Fui as lágrimas. Emoção boa, farta, bonita, grata, vida.
Há muitos e muitos anos não derramava uma lágrima. Não
sei por que. Mas naquela noite, naquela data, naquela areia, naquele som, o
vulcão entrou em erupção. Que bom. Não sabia o que era tão bom chorar de emoção.
Valeu.
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