“Whiplash em Busca de Perfeição”, um filmaço que precisa ser visto no cinema

 
                                                                             


Atire pela janela a ideia (preguiça) de assistir ao filme “Whiplash - em Busca de Perfeição” em sua TV, mesmo que ela tenha 80 polegadas. Este filmaço de Damien Chazelle (30 anos) exige, clama, implora para que seja visto na telona de um ótimo cinema. Fui no novo e espetacular Cine Arte UFF* (maravilha! Lotado em pleno carnaval), em Niterói e não me arrependi: ótima imagem, áudio estupendo. Afinal, o filme é sobre música, músicos, música na vida, vida na música.

Gostei muitíssimo da trama que tem um pé na vida real. O site Adoro Cinema informa que o solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como fez Buddy Rich, seu maior ídolo.

Após chamar a atenção do reverenciado e impiedoso mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons), Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a melhor escola de música dos Estados Unidos. Entretanto, a convivência com o abusivo maestro fará Andrew transformar seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para atingir o nível máximo como músico, mesmo que isso coloque em risco seus relacionamentos e até a sua saúde física e mental. Em vários momentos suas mãos sangram enquanto ele toca.

É uma história densa, tensa, ótima. É tudo tão dinâmico que “Whiplash” voa, parece um curta metragem. O que está em questão é o método torpe, ditatorial e violento do maestro Terence Fletcher que joga a plateia num dilema. Justificando seu método desumano, Fletcher conta a história do genial saxofonista Charlie Parker (o eterno Bird).

Fletcher conta que, muito jovem, Parker mandou muito mal numa jam session, despertando a ira do baterista Jo Jones que lhe atirou um prato da bateria nas costas. Charlie Parker lutou contra a humilhação (deixou o palco sob vaias e risadas de deboche) e fechou-se em casa para estudar arduamente. Reapareceu um ano depois deixando todos de quatro diante do seu talento.

Fletcher conta a história para justificar quando dá várias bofetadas em Andrew num ensaio para lhe ensinar ritmo, humilhando-o na frente dos colegas de orquestra. Andrew aceita as provações como parte do processo, deixando-se mergulhar no pântano depressivo em que tantos alunos de música definham. Incompatibiliza-se com a família, rompe com a namorada, fecha-se em casa para estudar massacrando-se fisicamente como um atleta chinês a preparar-se para os jogos olímpicos.

A pergunta que todos levam do cinema: existe um limite? Outra: Terence Fletcher tem razão quando diz que “as duas palavras danosas de nosso idioma:´bom trabalho`. Se Jo Jones tivesse dito ´tudo bem, bom trabalho` e não tivesse atirado o prato da bateria em Charlie Parker, este não teria se transformado no número um da América”.
Será?

P.S. – O filme é extremamente sincero, honesto, inclusive quando dá um pitaco sobre a péssima relação do jazz com o rock. Em uma cena, dentro da escola de música, close numa placa. Dizeres: “Quem não tem talento acaba numa banda de rock”.

Curiosidade, segundo Adoro Cinema:

-  Durante as cenas de prática mais intensas, o diretor não gritava "corta!", para que Miles Teller mantivesse o rufar até o esgotamento físico.

- Para a cena dos tapas, J.K. Simmons e Miles Teller filmaram várias tomadas com Simmons apenas imitando o gesto. Para a gravação final, Simmons e Teller decidiram gravá-la com um tapas realmente genuínos.

 - Miles Teller, que toca bateria desde os 15 anos, ficou com bolhas nas mãos devido ao estilo vigoroso não convencional da bateria de jazz. Um pouco de seu sangue ficou nas baquetas e no instrumento.

- Embora Miles Teller toque bateria desde que tinha 15 anos de idade, ele teve aulas de adicional de quatro horas por dia, três dias por semana para preparar-se.

- O diretor e roteirista do longa, Damien Chazelle, não conseguiu o dinheiro necessário para o filme. Por isso, transformou-o em um curta-metragem e apresentou-o para o Festival de Sundance em 2013. O curta acabou vencendo o Prêmio do Júri para Curta-Metragens. Por isso, Chazelle conseguiu financia-lo depois.

- Parte do filme é baseada na experiência do diretor / roteirista Damien Chazelle como integrante de banda no ensino médio. Ele afirmou que foi intimidado por um instrutor de banda.

* Para ver a programação do Centro de Artes UFF clique aqui: http://www.centrodeartes.uff.br/programacao/

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