A lua ainda é dos poetas, mas o mundo não esquecerá de Neil Armstrong
A lua jamais deixará de ser a musa encantada dos poetas,
mesmo depois que Neil Armstrong desceu do módulo lunar da missão Apolo 11 em 20
de julho de 1969 e marcou o solo lunar com sua bota prateada. 1969 foi um ano
de muitas mudanças, entre elas o maior protesto contra a guerra do Vietnã
reunindo meio milhão de pessoas (90% jovens) em Woodstock, no mês seguinte. Esse
ano foi tão significativo que, inspirado nele, Paul Auster escreveu o magistral
“Palácio da Lua”, livro que devorei em dias noites.
Sempre fui um apaixonado pelo céu e os astrólogos dizem
ser uma característica de meu signo. Lembro bem do dia em que o homem pisou na
lua. Tinha 14 anos e morava na rua Alvares de Azevedo em Icarai (Niterói), onde
o nosso bando tinha o hábito de jogar taco (uma espécie de baseball tupiniquim)
no meio da rua. Atento a propaganda sobre a hora em que Armstrong pisaria na
lua, fui cedo para casa para assistir pela TV. Acho que não foi uma transmissão
ao vivo, mas sei que a narração era de Hilton Gomes, um célebre locutor. A
imagem em preto e branco cheia de imperfeições me hipnotizou e quase não ouvi o
pipocar dos fogos que algumas pessoas soltaram celebrando aquele momento. Um
momento crucial na história de todos nós que algumas pessoas insistem em
afirmar que foi uma fraude, que o homem pisando na lua teria sido uma gravação
simulada em estúdios. Que bobagem.
Algumas pessoas diziam o fato do homem pisar na lua
anularia seu poder poético. Não acho. A lua continua comovendo, mesmo depois de
Neil Armstrong e também da Apolo 13 que passou perto mas não pode descer (o
filme com Tom Hamks é fabuloso). E se a humanidade evoluiu, pelo menos
cientificamente, devemos muito a desbravadores heroicos como Armstrong.
Aliás,
sugiro a todos que peguem nas locadoras o filme “Os Eleitos”, de Philip Kaufman
que conta a história da corrida espacial de um jeito completamente diferente. O
filme é baseado no livro de Tom Wolfe.
Neil Armstrong morreu em agosto de 2012 triste com o
corte de verbas para o programa espacial e até se reuniu com Barack Obama para
tratar do assunto. Obama explicou que é uma questão temporária mas, ainda
assim, Armstrong não engoliu. Discreto, nunca transformou a sua grande viagem
numa egotrip pessoal e, só eventualmente, dava uma ou outra palestra. Admiro
pessoas assim. Por tudo que representa e simboliza, por tudo que fez, Neil
Armstrong, um ícone dos anos 60, deixa muita saudade.
E já que existe lua, vai-se para a rua. (Gilberto Gil).
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