Um amigo vale mais do que zaralhadas de partidos e eleições
Ano
que vem teremos nova campanha politica mas percebo que o tumulto já
começou. Semana passada vi dois sujeitos
que são amigos baterem boca numa esquina. Motivo: discussão sobre
eleições. Acabei me metendo na confusão para esfriar o clima e, lá
pelas tantas, disse sei lá porque algo do gênero $a politica não
nos merece$. Ponto.
Quando
os dois pararam de discutir (a coisa caminhava para uma grossa
pancadaria) e fomos, os três, tomar um café numa padaria. Falamos
do peso imensuravel de uma amizade perante as coisas da vida. Coisas
de uma maneira geral e, em particular, política, eleições.
O
curioso é que ambos são eleitores com o perfil muito parecido, mas
um disse que um candidato do outro é um salafrário, as ofensas
foram se amplificando e os dois acabaram se xingando mutuamente,
chegando muito perto da bofetada. Coisas da paixão, do estresse,
enfim, temas como política e futebol descabelam as pessoas. Alguns
se tornam temporariamente insanos e partem para o desatino amplo,
geral e irrestrito.
Se
esses dois (que conheço há algum tempo) quase se estapearam, mas
chegaram a um acordo. Em outras eleições lembro que não foi bem
assim. Já levei para o hospital gente atingida por pau de bandeira
no rosto, isso sem falar de tapas, socos, chutes, garrafadas, enfim,
os temas apaixonantes tem o poder de nos fazer retornar a condição
de primatas. Aí, passa o tempo (as vezes, muito tempo) e concluímos
que fomos ridículos e, por conta disso, perdemos um, dois, três,
vários preciosos amigos.
Ando
cada vez mais moderado. Quando carregamos a bandeira de candidatos
corremos o risco de ouvir piadinhas de militantes do outro lado. Na
ultima campanha o pau comeu feio, muito feio. Dizem que com o passar
do tempo vamos nos tornando mais plácidos. Que bom! Imaginem se
fosse o contrário.
Daqui
a pouco tudo de novo. “Santinhos”
eleitorais no Facebook, alguém vai gritar “campanha política
aqui, não!”, como se aquele espaço não fosse público e sim
exclusivo de gênios olimpo da filosofia contemporânea, quando na
verdade até ditados no estilo “o pluto é filho da pluta” eu já
vi lá. E teve quem achou graça.
O
Facebook pertence a uns norte-americanos espertos, inteligentes,
nerds que o inventaram, encheram a rabiola de dinheiro e hoje também
são donos da Califórnia. Nós somos inquilinos gratuitos dessa
invenção onde, seguindo as regras lacerdistas (leia-se falso
moralistas) deles, somos submetidos a uma série de normas de conduta
que, fácil fácil, podemos chamar de censura. Mas, o espaço é
privado.
Muitos
vivenciaram, e a história confirmou, que o Brasil ficou anos e mais
anos no limbo da democracia. Gente morrendo, gente sendo torturada,
gente perseguida, exilada, lutando pela liberdade de um modo geral e,
pela democracia de uma forma mais precisa. Em outras palavras,
lutamos muito para poder ir até a urna e votar, um direito que se
tornou sagrado.
Por
isso, sou extremamente tolerante com aqueles que postam seus
panfletos eleitorais no Facebook, apesar de achar que eles deveriam
usar somente os seus murais e não o de todo mundo, como volta e meia
vejo. As redes sociais nasceram da necessidade de comunicação
instantânea entre os animais racionais que tem acesso a alta
tecnologia. Por que as campanhas políticas ficariam de fora? No
Facebook dos Estados Unidos o pau está comendo entre os candidatos
de democratas e republicanos.
Defendo
a propaganda política no Facebook, Twitter e Google +. Defendo e
pratico porque sou um daqueles milhões que sentiu muita saudade da
democracia quando ela foi banida do país e quase não voltou mais.
Mas, como sou democrata, também defendo o direito de todos de
deletarem o que quiserem do Facebook, do Twitter, da internet e da
vida.
Menos
a amizade.
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