O Programa do Jô vai fazer muita falta

Como se sabe, esse é o último ano do Programa do Jô. pelo menos na Rede Globo. Todos os dias por volta de uma da madrugada, o programa entra no ar e o apresentador, jornalista, teatrólogo, escritor, humorista, diretor de teatro e tudo mais Jô Soares comunica que nesse estranho 2016 seu programa ira para os ares. No mau sentido.

Vai fazer muita falta. Em tempos de altíssima imbecilização e molambalização quase generalizada, o programa do Jô vai fazer muita falta. Seus detratores comemoram, o chamam de chato de vaidoso, de egocêntrico, onipotente, mas, queiram ou não, é um programa inteligente, bem humorado, agradável e muito bem feito. Onde assistir entrevistas com gente de teatro, musica, ciência, literatura, esoterismo, com uma pegada forte e bem resolvida?

Quando sair do ar o que vai entrar no lugar? Um enlatado de quinta? Um programa com o novo quindim da sub-mídia, a cantora entre aspas Anitta que decidiu cometer televisão num canal pago? Ou quem sabe aqueles programetes esportivos insuportáveis apresentados por atores-marombas da vigésima nona divisão que tentam fazer da madrugada uma escada para o sub-estrelato?

Jô Soares é um patrimônio da cultura brasileira. Há décadas faz revoluções e mais revoluções por onde passa, seja na TV, Teatro, Cinema, Literatura. Seu programa de entrevistas, chamado de talk show, é o primeiro no país e é muito melhor do que, por exemplo, o Jimmy Fallon que apresenta a sétima encarnação do Tonight Show, na norte-americana NBC, o mais antigo talk show do mundo. Fallon é um coice nos ovos, chato pra cacete.

Entre roscas de bíceps e imbecilidades em geral, fico com a conversa boa do Jô que, com o Jornal da Globo, são os únicos programas que assisto na TV aberta. É uma sensação minha, mas acho que o Jô não está feliz com o fato de sair do ar. Ontem, quando começou o programa e a platéia fez "ohhhhh!!!" quando ele lembrou que é o seu último ano por ali, ele disse "pois é, eu também acho".

É difícil, eu sei. A decisão está tomada. Mas adoraria que o Programa do Jô continuasse no ar em nome da leveza, da informação de qualidade sem sotaques de mundo cão, enfim, pelo conjunto da obra. Ou então que vá para outra emissora. Na minha opinião, o Brasil não pode abrir mão de uma grande figura como Jô Soares no ar, especialmente agora com o país atirado na lama.






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