Blocos no Aterro
Não é novidade que os blocos de carnaval do Rio viraram
um rico balcão de negócios. Nada contra. Nada. O problema é que 90% dos
seguidores são de fora do Rio ou dos bairros (em geral da Zona Sul) onde os
blocos saem. Levadas pela mídia, centenas de milhares de pessoas caem de boca
nos blocos com a intenção de ver artistas e aparecer na TV. Como não tem
qualquer vínculo afetivo (econômico, social, político) com os bairros, fazem
cocô, xixi, vomitam, atiram latas de cerveja, saem na porrada em frente a
prédios dos moradores que pagam uma nota de IPTU, enfim, a maior zona.
Se o prefeito do Rio (parece que não, mas o prefeito já
tomou posse, sim) teve coragem para tentar fazer do filho secretário, com
certeza não vai amarelar diante dessa sugestão: por que o desfile dos blocos
não é transferido para o Aterro do Flamengo, região farta em espaço para que os
novos foliões, que bebem até cair, batem, matam, morrem, façam o que gostam de
fazer (merda) sem importunar os outros cidadãos?
Dá pena de ver o Leblon, Ipanema, Copacabana, Santa
Teresa e arredores durante o carnaval. Como carioca que sou (nasci no Rio, mas
com uma semana de idade fui para Niterói) fico indignado ao ver a molambada
destruindo tudo o que vê pela frente.
A população crônica e inexplicavelmente acuada e
acovardada se tranca em casa. Se alguém passa mal...Momo, o rei, virou um
ditador com direito a decretação de estado de sítio. Ele determina e as pessoas
de bem, com crianças e o escambau, são obrigadas a se exilar em casa para não
levar porrada na rua.
No Aterro do Flamengo, nada disso aconteceria. Os
primatas momescos se exterminariam entre si. Imaginem deixar aquela vasta área
do MAM ao Rio Sul nas mãos (pés, e barras de ferro) dos foliões contemporâneos
e seu vício incontrolável de destruição. No máximo, meia dúzia de coqueiros
seriam arrancados, alguns nacos de grama, banheiros químicos virados, mas tudo
numa área restrita. Uma espécie de “blocódromo”.
Esses “novos foliões” são símios contemporâneos sem
possibilidade alguma de adquirir educação, sociabilidade e outros conceitos que
o Rio de Janeiro está assistindo, impassível e covarde, descerem ralo abaixo. A
cidade maravilhosa, que já teve o melhor carnaval de rua do planeta nos anos
20,30,40,50,60, hoje mostra uma barbárie. Gente estapeando gente e tudo o mais
que eu testemunhei ano passado quando cometi o desatino de ir até a Zona Sul
(ou sul da zona).
Então, prefeito (sim, o Rio tem prefeito), que tal
entubar esses “carnavalescos” no Aterro? É uma boa ideia. Na verdade é ideia de
um leitor que me mandou um e-mail tempos atrás sugerindo essa maravilha. Dessa
forma, o senhor atende aos foliões do caos e blinda a população de seus gestos
boçais, praticados em nome da selvageria e da babaquice ampla, geral,
irrestrita. Sabe por que, prefeito? Se nós e o senhor não defendermos o Rio,
essa nuvem de gafanhotos arrasa com a cidade em questão de horas.