O poder do reconhecimento
Sabe
aquele quadro pequeno pendurado na parede com os dizeres “Funcionário
do Mês” mais uma foto e um nome? Cada vez mais raro, vi um desses
quando fui tomar um mate, semana passada, nas imediações da rua do
Ouvidor. Coincidentemente o tal funcionário do mês foi o que me
atendeu. Dei parabéns, o cara ficou meio sem jeito e tal, agradeceu
e seguiu trabalhando, sorriso estampado na cara.
A
espécie humana não sobrevive sem reconhecimento. No início dos
anos 70, um colega entrevistou o assaltante Lúcio Flávio Vilar
Lirio na penitenciária e perguntou o que ele sentia ao ser
considerado pela polícia o inimigo público número um. Lúcio
Flávio respondeu que se sentia muito bem porque era mais uma
demonstração do cagaço que a polícia tinha dele, o que “para
mim é um grande reconhecimento”. E, segundo o colega, esboçou um
leve sorriso.
Vamos
supor que o ser humano tenha 60% de defeitos e 40% de qualidades. Na
melhor das hipóteses. Se pouca gente aceita a chamada “crítica
construtiva” a coisa fica caótica quando se vê valorizados apenas
os 60% podres.
A
mulher se submete a uma dieta de meses, veste uma bela e
sensualíssima roupa, corta o cabelo, estreia um par de sapatos, usa
um batom de cor ousada para encontrar o sujeito. Ele chega e comenta
que detesta o perfume que ela usa. Só isso. Não diz mais nada,
absolutamente nada e leva um pé na bunda tempos depois.
Cachorros
adestrados quando fazem direito uma evolução ganham reconhecimento
e biscoitos. Golfinhos e focas ganham reconhecimento e sardinhas. Por
que com a raça humana seria diferente?
Medalhas,
troféus, diplomas de “Honra ao Mérito” e dezenas de outros
símbolos mostram que o ser humano quando reconhecido abertamente
rende muito mais. Autoestima turbinada. Parece óbvio mas para muita
gente não é. Você aí, leitor, há quanto tempo não recebe o
reconhecimento de uma pessoa significativa em sua vida?
Pior:
você nota que ao longo do tempo essa mesma pessoa só o critica, só
vê os 60% citados lá em cima, só enxerga ônus e ignora os bônus?
Dá vontade de deletar?
Pois
então, delete.