Jimi Hendrix, 47 anos depois












Segunda-feira última, dia 18, 47 anos da morte de Jimi Hendrix, o maior e mais genial guitarrista de todos os tempos. Não deixou uma lacuna. Hendrix deixou um rombo, um vácuo descomunal, até hoje não preenchido por ninguém.

Pelo mundo milhares de seguidores autodidadas como ele, que tocam guitarra de forma ágil, criativa, desafinando e afinando no meio de um solo, ou de uma introdução (quer coisa mais humana e genial do que isso?) e que se danem as cuequinhas passadas a ferro, lençóis de seda, camarins com jasmim. Ele não tem nada a ver com guitarra bronha, perfeitinha, toda calculadinha, velozinha, bem feitinha, bem desenhadinha, com afinadorzinho digital. Hendrix não tolerava diminutivos. Nem ele, nem, Frak Zappa, nem Duanne Allman, nem Jack White, nem Jimmy Page, nem Eric Clapton, nem Jeff Beck, nem todos gigantes. O homem é imperfeito. A guitarra saturada é o espelho das imperfeições do homem. Logo, que papo é esse de doutorado em universidade para esmerilhar uma Les Paul, uma Strato? Qual é, Ingwies Malmsteens?

Ouçam essa versão de “Hey Joe” no Miami Pop Festival, quando o monstro afina a guitarra (altíssimo volume, como ele gostava), em plena introdução. No apoio dois outros saudosos monumentos, Noel Redding (1945-2003) no baixo e Mitch Mitchell (1947-2008) na bateria. Por favor, aumentem o som:


Hendrix era perfeccionista sim. Chegava a gravar 30 vezes a mesma música e nunca ficou satisfeito. Produtores e engenheiros tinham estafa. Eddie Krammer, o engenheiro de som que melhor gravou seu som, desmaiou varias vezes sobre a mesa de som. Mais: Jimi exigia um produtor porque, com razão, dizia que “só um cara muito egocentrado consegue gravar e saber/ouvir o que está gravando ao mesmo tempo. Eu preciso de um produtor que funcione como grilo falante, que opine, que diga por onde devo ir. Assim, me sinto mais livre.”

Ele não gostava de polêmicas e irritava os politicóides quando dizia que não acreditava em esquerda e direita e sim em homens de bem. Também chutava os racistas que cobravam dele uma atitude “em prol da negritude”. Ele afirmava que “não acredito em negros, brancos e pardos, acredito em gente que presta”. Em 1968 andando na rua em Nova Iorque foi abordado por um militante do grupo radical “Panteras Negras” que distribuía um jornalzinho.

Jimi pegou jornal e seguiu em frente. O cara foi atrás, pediu um tempo e disse que os Panteras estavam precisando de dinheiro e queria muito que Hendrix fizesse um show para arrecadar fundos. Jimi disse “faço sim, desde que na divulgação não apareça nada dizendo que o show será para os Panteras Negras. Não quero me associar a nada, absolutamente nada, que não seja a música. E assim foi feito. O show rolou, mas no material de divulgação nada foi dito.

Sempre há muito o que falar desses gênio que conheceu o sucesso em 1967, quando tinha 24 anos, e morreu em 1970 com apenas três discos de estúdio gravados. Mas o que ele fez de show, pouca gente conseguiu e consegue. Foram milhares que ao longo desses 47 anos vem alimentando o mercado de discos com o seu som do futuro. Jimi está mil anos a frente.


No mínimo.

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