Roberto Menescal: os 80 anos de uma lenda viva

                                     Menescal e Andy Summers, amigo e guitarrista

Lenda viva, mestre da música, amigo muito querido, Roberto Menescal está comemorando seus 80 anos onde gosta: na estrada, em turnê nacional. Filei esse pedaço da ótima matéria que o Silvio Essinger publica hoje no Segundo Caderno do Globo:

Esta sexta, no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, ele abre para o público a série “Dia de luz, festa de sol! Roberto Menescal e a bossa nova” em show com Marcos Valle e Cris Delanno. Amanhã, é com Cely Curado, Marcia Tauil, Nathalia Lima e Sandra Duailibe (que em 2012 lançaram o disco “Elas cantam Menescal”), e no domingo, com Ivan Lins e Leila Pinheiro. 

Os shows vão para os CCBBs de São Paulo (incluindo Simoninha, Leo Gandelman, Lula Galvão e Sabrina Parlatore, dos dias 21 a 24) e do Rio (entre 19 e 21 de outubro, com o acréscimo de Zélia Duncan, Danilo Caymmi e Wanda Sá). Antes, no próximo dia 28, Menescal toca no Rio com sua banda e Delanno nas Quintas no BNDES.

Eu já piscava muito, estou piscando dez vezes mais! — brinca o músico, que, depois do aniversário ainda encara um Espaço Furnas Cultural nos dias 9 e 10 de dezembro com o guitarrista Andy Summers, do Police, e em 2018 planeja ir à Europa para shows do disco “MPBossa: da bossa ao frevo”, feito em 2016 com André Rio e Luciano Magno. — Não tenho gripe, nem nada. E tampouco medo de avião. O Tom Jobim morria de medo, e dizia: “o mecânico está lá embaixo”.

Conheci Roberto Menescal* em 1982. Ele esteve na Rádio Fluminense FM onde, na maior cara de pau, pedi um autógrafo. Simpático, gente muito boa, na dele, mas profundo conhecedor de música e mídia, em meia hora de conversa ele sintetizou muito bem o que estávamos fazendo na “Maldita”.

A partir daquele encontro, Menescal se tornou um amigo guru. Diante de qualquer decisão mais grave, sempre liguei para ele que, disponível para os amigos, opina com simpatia e muita precisão. Até hoje é assim. Quando estou numa encruzilhada profissional, procuro a opinião dele. Em 1985,mais ou menos, eu quis parar definitivamente de trabalhar com rock achando que estava estigmatizado. 

Menescal me convidou para almoçar no Taranlella, na Barra, e depois do meu desabafo disparou: “Meu amigo, você trabalha também com música. Música como um todo. Mas quanto a esse medo de estigma, fique tranquilo. Você já está estigmatizado (risos) e eternamente será conhecido como “roqueiro e fundador da Rádio Fluminense, a Maldita” mesmo que decida virar astronauta. Até hoje eu sou o “Menescal do Barquinho”, e tudo bem. Relaxe e tire proveito”. E foi o que fiz, faço e farei.

* Em 1985, comecei a produzir o primeiro LP de Celso Blues Boy, que batizei de “Som na Guitarra”. Menescal era o diretor nacional da gravadora Polygram e não discutiu quando falei de gravar o Celso. Acreditou no músico e em mim. Mais: tornou-se meu padrinho de estúdio. Foi ele quem me apresentou a um estúdio de 32 canais (acho) que comandei ao longo de três meses. Quando finalizei o trabalho, tirei uma cópia e fui mostrar ao Menescal. Frio na barriga, suor frio. Ao final, ele abriu um sorriso e disse “discaço”. Quase chorei de emoção.

 Parabéns, amigo! Parabéns, mestre!


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