A eterna magia do Circo Voador


Hoje o Caderno B, do Jornal do Brasil, publicou uma matéria minha sobre o show do grande Lô Borges, no Circo Voador. Será nessa sexta-feira na “Nave” (apelido do Circo), onde Lô Borges e banda irão gravar um DVD com as músicas do lendário “Disco do Tênis” (1972) e também das nove músicas dele que estão no mítico “Clube da Esquina”, do mesmo ano.

Não tenho dúvida de que o Circo Voador é o melhor espaço cultural do Rio. Certamente do país. Segundo um viajado amigo meu, do mundo.
Cúmplice da cultura de qualidade, desde 1982 a "Nave" apresenta uma programação imbatível, linkada com o novo mas valorizando, também os momentos antológicos, mágicos.

O Circo é mágico. Tem em sua essência a alma inquieta, rebelde, risonha e tudo mais da Maria Juçá, uma amiga que os ventos do destino puseram em meu caminho na segunda metade dos anos 1970. Ela trabalhava no Jornal do Brasil, eu na Rádio Jornal do Brasil.

No início dos anos 80 eu saí da Rádio JB para fazer a Fluminense FM e ela deixou o jornal para fazer o Circo Voador. Fluminense e Circo formaram uma dupla imbatível que demoliu o conceito de “noite do Rio”. Demoliu e construiu outro.

No Circo Voador da Lapa, na sua primeira encarnação magnificamente mambembe, assisti a vários shows com gente pendurada na estrutura. E, na maior moral, a também estourada Juçá pegava o microfone e abria o verbo na base do “desce dai, rapá! Tá pensando o que?”

Escrevendo a matéria sobre o show do Lô Borges muitas lembranças flutuaram entre mim e a tela do computador. Noites e mais noites e mais noites e mais noites na “Nave”, onde degustei cada segundo, cercado de amigos.

Amigos como um deles que durante antológico show de Zé da Gaita tocando The Who (o show se chamou “Zé Who”) gritou no meu ouvido algo como “guarde esse momento. Guarde porque isso é histórico e eterno”. De fato, foi.
Atualmente o Circo está lindo, abriga uma tribo de garotos e garotos incendiários sob o manto da Maria Juçá, porque só ela tem capacidade de tocar a “Nave”. Ninguém mais.

Só ela consegue formular e executar a equação que funde bom gosto, modernidade, cultural atemporal e livre, para um público na faixa dos 25, 30 que celebram a vida ao lado de quem tem 50, 60.

Todos irão superlotar a “Nave” sexta-feira para alegria desse Rio combalido, chutado, escarrado por um triplo comando – municipal, estadual e federal - de (desculpem) merda.

Viva Maria Juça! Viva o Circo Voador!

Sempre!

P.S. – Escrevo ouvindo King Crimson Live in Chicago, em 28 de junho do ano passado. Está no Spotify.






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